Por Ada Anjos
Essa coisa de compor,
tocar e cantar, parece tão mágica e tão desrespeitosa de quem não tem o que
“fazer” para os que “fazem” algo, que chega a ser para alguns um ultraje. Uma
prova disso é quando famílias “tradicionais” têm uma filha e, a beldade
incautamente se apaixona por um músico. Emerge então o júri popular. Tios,
pais, primos e os reverenciados avôs, todos agora discorrem sobre a insanidade
da jovem por não ter guiado seu coração de forma mais ajuizada e tentam ao
máximo, extirpar tal descalabro
emocional.
Mas por que este
despautério social? Porque se dissemina a ideia de que há funções importantes e
menos importantes, mais ou menos dignas, honradas ou não? E nesse vórtice de
pensamentos e ações, estão os músicos, expressando uma realidade individual,
interna e externa, como também a realidade coletiva, criando cenários abstratos
infindos de melodias, harmonias, ritmos e poesias através da música.
Quando se fala em ser
músico, parece que muita gente acredita que é uma vida exclusivamente de luzes,
câmeras e música, o que consequentemente pode acontecer mas, não é só isso, e
nem sempre se chega a essa camada. Então o que seria ser músico? Respondendo a
essa pergunta com base no senso comum, seria aquela pessoa que toca um
instrumento ou recebe algum tipo de remuneração pelos serviços prestados, ou
seja, se sustenta com a música.
Numa visão mais
técnica é estudar, estudar e estudar de novo. A cotidiano de um músico sério
envolve muito estudo, disciplina, paciência, persistência e muitos momentos
eremíticos, acompanhado de introspecção e atividade individual, mas que em
paralelo, há os ensaios em grupo (grupos de câmara, quartetos, trios, bandas,
orquestras etc…). Somos criadores e resolvedores de problemas. Como assim? Cada
nova obra que nos inclinamos a entender (porque vai muito mais do que o simples
ato de tocar ou cantar), enfrentamos os desafios de deixar a composição
realmente do jeito que deve ser.
Buscamos entender a
mensagem que a música cantada ou instrumental realmente traz em si, para
expressarmos da forma mais autêntica para os espectadores. Mas alguém tem que
originar a música, e esse alguém se chama compositor. Se não existisse os
compositores não haveria música para ser cantada ou tocada. Nem todo cantor e
instrumentista desenvolve a habilidade de compor e viceversa.
Temos o compositor, o
maestro, o regente, o cantor, o instrumentista e aquele profissional e pessoa
especial que é o professor. São essas as categorias e, eu diria que todos são
intérpretes...
O compositor por
concatenar elementos rítmicos e melódicos e harmônicos, interpreta uma ou
várias realidades de forma particular e a materializa na escrita musical. O
maestro ou regente, conduz a interpretação do todo, qual a ideia central da
obra e, conduz sua orquestra a enxergar, entender e expressar essa mensagem.
Os cantores e
instrumentistas não é diferente, principalmente se for um concertista, cuja a
técnica de muitos anos de estudo o possibilita a revelar-se como um virtuose,
mas nada disso seria exequível sem os mestres do ensino da arte da música.
Um compositor
orquestral precisa ter conhecimento de diversos instrumentos e técnicas
composicionais, isso não quer dizer que ele toca todos os instrumentos da
orquestra. Não é diferente do maestro, que precisa decodificar toda a idéia,
saber particularidades de cada instrumento, ter muito conhecimento teórico e
domínio de toda a obra.
Para que tudo isso
aconteça, há muitos momentos de estudos solitários, de concentração e busca pela perfeição. É esse
conjunto de síncrono que depois de ter sido estudado individualmente, juntase
todos para levar boas emoções, prazer aos órgãos dos sentidos e, porque não
dizer ao intelecto e alma dos povos.
Quando no cotidiano
se ouve pessoas disseminando que a vida de um músico é ociosa, fácil, tranquila,
que é o tipo de cidadão que só se diverte, boêmio e coisas do gênero, é porque
há ainda um abismo de ignorância quanto as responsabilidade que os mesmos têm.
Além das associações feitas a certos indivíduos que usam a arte da música sem
uma responsabilidade social, seja isso de forma consciente ou não.
Hoje temos música na
palma de nossas mãos em um aparelho eletrônico, mas nem sempre foi assim. Ter
música ao vivo era sinônimo de elevada aquisição financeira e diria que hoje
não é diferente, já que as impressões do ao vivo não podem ser trazidas pela
eletrônica da atualidade.
A
solidão do músico é poética mas difícil no sentido técnico, temporária mas
necessária, continuada mas objetivada. Há sempre um invólucro de novas emoções,
desafios e superações em cada trabalho atual a ser desenvolvido, seja qual for
o estilo.
Um instrumentista comprometido com seu dom, estuda de cinco a oito horas por dia, às vezes até mais, estabelecendo objetivos, solucionando problemas técnicos, desenvolvendo sua destreza ao nível mais próximo da perfeição, chegando a alcançar elevado grau de proficiência.
Apreciar
um músico sério e hábil na execução da sua arte, seja cantando, regendo ou
tocando, tudo é desenvolvido com tanta maestria que temos a impressão de ser
algo muito fácil, isso porque não o vemos fazer esforço algum, simplesmente
flui como água destinada a desaguar no mar, não há desvios ou erros, apenas o
chegar ao destino com perfeição. Isso porque o empenho foi feito em secreto.
Os músicos são como anjos sem, tem o poder de proporcionar
alegria, boas emoções, prazer, satisfação e bem estar com sua arte. São os eles
imprimem as mensagens espirituais em melodias carregadas de energia divina.
Esse ofício que gerou
a famosa frase: “quem canta seus males
espantam”, destrava as dores do peito contidas no âmago do ser humano, com melodias
que brotam no profundo do ser e fazem
muitos reviverem os melhores momentos do passado, trazendo em uma explosão de
emoções incontáveis relacionando as vivências individuais de todos, que foram
marcados por lindas composições tão antigas mas, que o espírito das mesmas
ainda brilham, reagem e abençoam.
Tudo que tenho a dizer é que louvo a Deus por sua vida e estou de acordo com as verdades aquí postada
ResponderExcluirVocê é o cara!!
Obrigado meu nobre!
ExcluirPor isso,em meio a tantos nuances da vida, eu fico feliz por ter pessoas que ainda acredita na graciosa arte!
ResponderExcluirSim, é importante acreditarmos no que amamos.
ExcluirApenas uma pergunta:
ResponderExcluirQue seria de nós sem a música?
A sensibilidade do músico é um dom divino. Belo texto! Parabéns!!!
Obrigado Luiza.
ExcluirObrigado pela gentileza e sensibilidade dos comentários.
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
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